J. Carlos Ribeiro
A palavra inflação entrou, de novo e de forma repentina, no quotidiano das pessoas. Mas então o que é a inflação?
Para que se possa falar de inflação não basta que aumente o preço da gasolina, da carne ou do pão.
De facto, a inflação é definida como um processo persistente de subida generalizada dos preços dos diferentes bens e serviços ao longo de um determinado período de tempo.
A inflação é medida avaliando a variação dos preços de um “cabaz de produtos e serviços” que representa o consumo das famílias, agrupados por categorias, devidamente ponderadas pelo seu peso médio nas despesas familiares.
Em Portugal a inflação entre 2018 e 2021 foi bastante ligeira, oscilando em torno de 1% ao ano.
No entanto, a comparação dos preços de março/2022 com os de março/2021, evidenciou um aumento de 5,3% (7,4% na zona Euro) e a média dos últimos doze meses apresentou um crescimento de 2,2%, o que denota uma aceleração do crescimento dos preços.
Na zona económica do Euro, desde a criação da moeda única, a inflação tem sido relativamente baixa, normalmente em torno de 2%, tendo-se verificado até, nalguns anos, uma descida de preços.
Desde 2020, embora de forma mais acentuada em 2022, temos vindo a assistir a uma maior subida dos preços na Europa, tendo inicialmente como causa os problemas derivados do COVID19 e, ultimamente, a guerra da Ucrânia.
A subida da inflação induz, de forma quase automática, um aumento das taxas de juro o que tem bastantes consequências negativas para a economia tornando mais difíceis as aquisições a crédito, a compra de casas, o pagamento de empréstimos à habitação, o investimento das empresas e a redução da dívida pública.
Existem ainda outros impactos negativos nomeadamente a potencial redução do poder de compra dos salários e das pensões dado que, na maioria das vezes, não acompanham o ritmo de crescimento dos preços, o que pode levar a um aumento de conflitualidade laboral e social.
Os impactos negativos da inflação evidenciam a importância de garantir uma estabilidade de preços, sendo que na situação atual as medidas mais eficazes para atingir esse objetivo parecem ser minimizar a subida dos custos que estão na base do crescimento generalizado de preços, ou seja, os custos com os produtos agrícolas e com a energia, com especial relevância para os combustíveis.