Mozart – o milagre de Salzburgo

Salvador Peres

Em 1756, na cidade de Salzburgo, um fenómeno desceu à terra. O seu nome: Wolfgang Amadeus Mozart, nome que ficaria para a posteridade como o milagre de Salzburgo, génio precoce, compositor, intérprete virtuoso de piano e violino, figura incontornável na história da música. Mozart começou a compor aos cinco anos e nunca mais parou de deslumbrar os seus contemporâneos até à sua morte, também precoce, em 1791, aos 35 anos de idade.

Foi autor de seiscentas obras: sonatas, sinfonias, concertos, óperas, missas… Grande parte delas constituem-se como inestimável património da humanidade e são uma referência obrigatória no contexto da música sinfónica.

Ainda jovem, recebeu fortes influências de músicos seus contemporâneos, sendo Franz Joseph Haydn (1732-1809) o mais citado como modelo inspirador de Mozart. Um exemplo dessa influência são dois grandes concertos para piano, o inebriante Concerto em Ré menor, K. 466, e o maravilhoso Concerto em Dó maior, K. 467. Duas peças musicais inesquecíveis, que fazem parte do reportório das melhores orquestras do mundo e dos mais virtuosos pianistas.

O Concerto em Dó maior, K. 467 é o mais conhecido e popular e o mais ouvido nas grandes salas de concerto do mundo. Composto em 1785, este concerto foi concebido em menos de um mês depois de composto o impressionante concerto em ré menor K. 466. A popularidade do concerto deve-se, em grande parte, ao segundo andamento. A leveza e suavidade da evolução do trabalho pianístico com a orquestra em fundo criam um ambiente de extraordinária beleza. Por si só, esta obra emocionante seria marca suficiente do génio de Mozart, da sua capacidade de elevar a música ao mais alto patamar de excelência.

Considerado o maior compositor de óperas de todos os tempos, Mozart deixou-nos um legado operático extraordinário. Aos onze anos compôs a sua primeira ópera, Apollo et Hyacinthus. Um ano depois, compunha Bastien und Bastienne. Mas a primeira ópera considerada verdadeiramente notável é Idomeneo, escrita aos vinte e quatro anos. A atmosfera e o enredo dramático já fazem antever uma outra obra-prima posterior, Don Giovanni. Depois, As Bodas de Fígaro, Cosi Fan Tutte, A Flauta Mágica. Pura magia levada aos palcos da época, que perdura nos palcos operáticos de hoje.

Por todo o lado, para onde quer que nos viremos, quedamos deslumbrados com obras-primas. É o caso dos quartetos prussianos K. 575, 589 e 590. Sons luminosos, de uma inspiração pouco terrena, quase etérea.

No fim da vida deixou-nos o Requiem, obra encomendada anonimamente por um nobre para assinalar a morte recente da jovem esposa. Enquanto trabalhava no Requiem adoeceu gravemente. Segundo Constanze, sua mulher, Mozart convenceu-se que estava a escrever o seu próprio epitáfio.

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