Vagabundo ao Serviço de Espanha

Salvador Peres

Primeiro, veio a “Mazurca para dois Mortos”. Depois, seguiu-se “A Colmeia” e “A Cruz de Santo André”. Agora, chego ao fim da leitura de “Vagabundo ao Serviço de Espanha”, uma antologia das melhores passagens extraídas de alguns dos livros de viagens de Camilo José Cela.

É extensa a obra deste escritor e poeta galego, nascido em Padrón, Corunha, a 11 de Maio de 1916. Iniciou-se na longa caminhada de escritor em 1942, com o romance “A Família de Pascual Duarte”, livro que causou grande alvoroço em Espanha e o atirou para a exclusão, tendo sido banido da actividade editorial e a sua obra proibida.

Livros de leitura intensa e desconcertante, as obras de Cela mergulham na complexidade da natureza humana, sem condescendências nem desvios politicamente correctos. Ali, tudo é descrito sem disfarces nem subterfúgios. A narrativa é apaixonante e prende-nos desde as primeiras palavras. Cela é exímio em centrar-nos rapidamente no cerne das histórias que nos quer contar. Um humor mordaz e sarcástico marca as suas personagens, que nos vão conquistando ao longo das páginas de livros concebidos numa escrita só ao alcance dos grandes escritores.

O “Vagabundo ao Serviço de Espanha” é uma imersão pela imensidade e diversidade de Espanha. Um viajante vai numa peregrinação pela Espanha desconhecida, fora dos grandes centros urbanos, descobrindo a verdadeira natureza do povo que habita esses lugares remotos. No livro, emerge uma narrativa divertida e empolgante, umas vezes, triste e desoladora, outras. Tudo envolto numa escrita bela, precisa e enxuta, focada nas gentes e nos lugares que excitam a nossa imaginação e nos fazem querer conhecê-los.

Camilo José Cela foi agraciado com o Nobel de Literatura, em 1989. Faleceu em Madrid, a 17 de Janeiro de 2002.

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